Texto da Empiricus
“Mas se já propunha soluções individuais desde o início, para que cada cidadão pudesse atravessar melhor esse difícil 2015, agora resolvi dedicar-me brevemente a sugestões para o Brasil. Calma, não tenho nenhuma pretensão de que isso chegue à nossa presidenta – abri uma exceção desta vez com esse “presidentA”; não se acostumem, por favor – tampouco a qualquer outro membro do executivo.
Graças a Deus, sei das limitações de um corintiano, maloqueiro e sofredor. Mesmo entre 500 mil leitores, não haverá alguém para levar isso à frente pragmaticamente.
Seja como for, dou vazão a meus devaneios, o que já me conforta, e aproveito para desqualificar a acusação de niilista.
Se a crise é, em parte, de confiança – entendo que, de fato, ela é -, deixo aqui algumas sugestões para que recuperemos a credibilidade. Caso implementadas, as medidas dariam um norte claro sobre a efetiva reorientação de política econômica na direção da ortodoxia, sem possibilidade de resgate da já velha “nova matriz econômica”. O Brasil precisa mostrar que não está apenas apagando um incêndio para evitar a perda do investment grade. Havemos de afastar por completo qualquer suposição de que o ensaio nacional desenvolvimentista do período 2010-2014 pode voltar a nos assombrar.
Graças a Deus, sei das limitações de um corintiano, maloqueiro e sofredor. Mesmo entre 500 mil leitores, não haverá alguém para levar isso à frente pragmaticamente.
Seja como for, dou vazão a meus devaneios, o que já me conforta, e aproveito para desqualificar a acusação de niilista.
Se a crise é, em parte, de confiança – entendo que, de fato, ela é -, deixo aqui algumas sugestões para que recuperemos a credibilidade. Caso implementadas, as medidas dariam um norte claro sobre a efetiva reorientação de política econômica na direção da ortodoxia, sem possibilidade de resgate da já velha “nova matriz econômica”. O Brasil precisa mostrar que não está apenas apagando um incêndio para evitar a perda do investment grade. Havemos de afastar por completo qualquer suposição de que o ensaio nacional desenvolvimentista do período 2010-2014 pode voltar a nos assombrar.
Então, vamos lá... (platonicamente falando à Presidente):
- Retome o marco regulatório anterior do setor petróleo. Acabe com a história do conteúdo nacional e com a obrigação de tanto capex sobre Petrobras. Isso vai aumentar a produtividade do setor e aliviar o balanço da companhia;
- Retome o marco regulatório anterior do setor petróleo. Acabe com a história do conteúdo nacional e com a obrigação de tanto capex sobre Petrobras. Isso vai aumentar a produtividade do setor e aliviar o balanço da companhia;
- Venda a participação do BNDES nos frigoríficos e sinalize não concessão de novos empréstimos ao setor. Abandone de vez a política dos campeões nacionais, que criam uma espécie de capitalismo de compadres, elegendo a priori quem serão os vencedores em determinados mercados. Isso fere a essência darwinista do capitalismo, que premia os mais eficientes a posteriori, e prejudica a produtividade agregada. Subsídios podem existir, sim, mas devem ser medidos diligentemente e concedidos de forma não discricionária;
- Voltando à Petrobras, faça com que a representação do controlador no Conselho exija a contratação de uma empresa de head hunter, a melhor disponível, para contratação de toda a diretoria, a ser composta exclusivamente por profissionais de mercado. Acabe com nomeação de cunho político-partidário;
- Promova a fusão do Banco do Brasil com a Caixa Econômica Federal. Isso geraria uma eficiência tremenda e transmitiria para a sociedade e para o mercado de capitais o desejo de aumentar a produtividade das estatais. Quem precisa de dois bancos públicos, mais o BNDES? Que loucura...;
- Introduza um debate sério sobre meritocracia dentro das estatais e dos sistemas de ensino e saúde. Se compactuar com isso, precisará desistir de Renato Janine Ribeiro. Ele nunca vai entender. Não hesite. Faça o que for necessário;
- Demita o presidente do Banco Central. Alexandre Tombini pode ser comprometido, sério e inteligente. Mas tem sua credibilidade questionada. Isso acaba com qualquer banqueiro central. Credibilidade da autoridade monetária é ponto nevrálgico, entende? Nomeie alguém bom no lugar, claro. Meirelles, Ilan ou Loyo são bons nomes;
- Aproveite o momento acima para anunciar momentânea elevação da meta de inflação, com um plano crível de longo prazo de redução, para níveis inferiores aos atuais. Tornará a situação mais transparente e deixará claro que: “olha, a coisa mudou. Pode confiar agora.” Juro longo cai meio ponto no dia. O ideal mesmo seria a independência formal do BC, mas entendo que seria muito custoso politicamente; então, não vou abusar;
- Convença o Marcos Lisboa a voltar para o Governo. Ele vai dizer que está comprometido com o Insper, que tem um projeto importante, que não pretende voltar agora – tudo isso é verdade. Se ele diz, eu acredito. Melhor: eu acredito em tudo que ele diz. Mas, no fundo, a maioria de nós, economistas, é totalmente platônica. Fica difícil recusar um convite para “arrumar o Brasil”, sabe? Ele combina bem com o Levy. Aquela coisa de Emerson Sheik e Paolo Guerrero, versão moderna da dupla Pelé e Coutinho (exageros à parte, claro). Precisamos de alguém capaz de tocar uma pancada de reformas micro. É a tal agenda positiva que vocês estão defendendo retoricamente, sem aderência prática. O Lisboa é o melhor cara para fazer isso. Confia;
- Pare com essa história de financiar os blogs sujos. Primeiro porque não lhes têm efeito prático. Estão pregando aos convencidos. Depois porque é desperdício de dinheiro público, sem critério técnico. Terceiro porque vai transmitir uma mensagem importante: “ paramos com a bobagem do nós contra eles. Governamos para todos.” Estenda a bandeira branca e contrate cinco páginas de publicidade na próxima edição da Veja – precisam convencer as vozes dissonantes e não os já apaixonados;
- Corte alguns ministérios, elimine cargos comissionados, reduza gastos do Planalto. “Ora, mas isso tem efeito prático reduzido. É demagógico.” Tem razão. Todo mundo sabe disso. Porém, a mensagem é importante. Estamos fazendo a nossa parte, no que dá. Cada um vai ajudar. Corte o próprio salário. Dê o exemplo. Pronto. Fica mais fácil convencer o resto quando você também entra no barco.
Infelizmente, não tenho a esperança de que nenhuma dessas coisas – uma sequer – seja atendida. Por isso, mantenho meu ceticismo. Minha maior sugestão, portanto, é que você, leitor, tome as suas próprias providências para se proteger desse quadro político e econômico trágico que nos assola.”
Felipe Miranda
Sócio-fundador da Empiricus Research
Sócio-fundador da Empiricus Research
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