segunda-feira, 26 de abril de 2010

BANCO CENTRAL DO BRASIL MOSTRA RIGOR AO PUNIR GOLPES

Correio Braziliense – Economia – BC mostra rigor ao punir golpes – 25/4/2010

Autoridade monetária atua com mão forte para inibir desvios e aplica R$ 318 milhões em multas

· MARCONE GONÇALVES



JLRodrigues/Divulgação



Uma onda de irregularidades levou o Banco Central a agir com rigor contra as fraudes. No momento em que o mundo assiste, perplexo, às denúncias envolvendo o banco norte-americano Goldman Sachs, o xerife do sistema financeiro nacional mostra serviço. O BC aplicou, no ano passado, um total de 827 punições a instituições e empresas mal comportadas. Foram 701 multas, 115 inabilitações, 10 advertências e uma proibição para atuar no mercado. A autoridade monetária está fazendo o dever de casa. No total, foram R$ 318,1 milhões em multas. Entre as empresas financeiras, as cooperativas foram as mais punidas. Receberam 7 das 10 advertências e 66 declarações de inabilitação de seus diretores.

Só nos três primeiros meses deste ano, foram aplicadas 216 multas e 16 inabilitações. Nos últimos 10 anos, são mais de 11 mil punições. Esse é um dos motivos pelos quais especialistas em sistema financeiro sustentam que os riscos de contaminação e de fraudes, como as divulgadas recentemente nos Estados Unidos, são quase inexistentes no Brasil. Para Luis Miguel Santacreu, da Austin Ases Consultoria, a fiscalização norte-americana se mostrou frouxa e fragmentada, enquanto no sistema brasileiro há pouco espaço para golpes, como fazem ver as punições aplicadas.

“O BC monitora as transações, acompanha as auditorias, dá nota para a capacidade de controle e cobra o cumprimento das regras”, assinala Santacreu. Para outro analista de instituições financeiras, José Luiz Rodrigues, sócio-titular da JL Rodrigues, o Brasil está muito à frente de seus congêneres no que diz respeito à supervisão e fiscalização bancária. Segundo ele, os dados mostram uma postura pró-ativa da autoridade monetária. “Aprendemos com os erros do passado, com os escândalos envolvendo os bancos Bamerindus, Auxiliar e Gomide”, destaca. Para Rodrigues, o BC tem enfrentado com competência um sistema financeiro informal grande, marcado pela atuação de empresas de factoring, promotores de venda e administradores de recursos que se desviam do mercado financeiro.

Ministério Público
Os especialistas destacaram que a atuação da autoridade monetária na área de fiscalização virou exemplo para outros países. “Tanto que o Brasil foi logo chamado a participar do fórum internacional criado para tratar de regulação e supervisão bancária”, lembra Santacreu. O sucesso brasileiro reside, segundo o analista, na opção por uma fiscalização indireta e no uso de sistemas que alertam os fiscais sobre quaisquer movimentações suspeitas. Este ano, além das punições aplicadas, o BC encaminhou ao Ministério Público 42 denúncias de possíveis fraudes cometidas no âmbito do sistema financeiro. De acordo com o BC, foram encaminhados, desde 1966, 10,8 mil ofícios com denúncias de fraudes, mais de 90% delas oferecidas a partir de 1990.

Como em um ofício podem constar diferentes tipos de fraudes, o total de crimes denunciados já chega a 13.922. A maior parte das denúncias envolvem desvio de finalidade na aplicação de recursos (2.875), evasão de divisas (2.212), estelionato (1.762), falsidade ideológica (1.335) e falsidade documental (1.237). As outras 4,5 mil denúncias envolvem lavagem de dinheiro, apropriação indébita, gestão fraudulenta e manipulação contábil, dentre outras.

Nos Estados as atividades de fiscalização bancária não são exercidas pela Federal Reserve, o Banco Central norte-americano. Aqui, a autoridade monetária regula, monitora e tem poder de polícia. As penas aplicadas podem ser de multa de até R$ 500 mil ou de até 300% do valor da operação irregular. O BC também pode suspender ou inabilitar pessoas para o exercício de cargos. Nos casos mais graves, pode cassar autorização de funcionamento e proibir empresas de realizar auditorias em instituições financeiras.

Divisor de águas
Os analistas reconhecem que o Proer, programa de ajuda aos bancos implementado no início do Plano Real no governo Fernando Henrique Cardoso, representou um divisor de águas na supervisão e na fiscalização do sistema financeiro. “O Proer revolucionou. Foi uma ação de saneamento das instituições acompanhado de um amplo programa de mudança de gestão”, assinalou Rodrigues.

domingo, 25 de abril de 2010

E-mails mostram que Goldman Sachs se beneficiou com a crise

25/04/2010 | 21h22 | Ilícito


Uma comissão do Senado dos Estados Unidos publicou neste sábado mensagens eletrônicas que mostram como o banco Goldman Sachs se beneficiou com a crise dos créditos imobiliários de risco (subprimes), ganhando milhões de dólares.

"Certamente que não escapamos do rolo (do crédito) hipotecário", escreveu em 18 de novembro de 2007 o diretor executivo do banco, Lloyd Blankfein, em um correio eletrônico a seus funcionários.

"Perdemos dinheiro, mas depois ganhamos mais do que perdemos", acrescentou, segundo documentos publicados pelo Senado.

Nenhum porta-voz do Goldman Sachs pôde ser localizado ao meio-dia deste sábado (hora local) para comentar a reação da empresa à publicação destes e-mails.

"Os bancos de investimentos como o Goldman Sachs não eram simples agentes. Eram os promotores interessados de produtos financeiros de risco e complexos que favoreceram a eclosão da crise", escreveu Carl Levin, presidente da subcomissão permanente de investigação do Senado, em um comunicado que acompanha a publicação dos e-mails.

A US Securities and Exchange Commission (SEC) acusou há alguns dias a Goldman Sachs de fraude em relação aos investidores por minimizar ou omitir fatos chaves sobre um produto baseado nos valores "subprime", produtos associados aos créditos hipotecários de risco.

O banco teria ocultado o fato de que um de seus principais clientes, o fundo de investimentos Paulson, havia impulsionado a criação desse produto financeiro no exato momento em que este fundo tomava posições, apostando na queda do mercado imobiliário.

Da AFP Paris