quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Madoff Aftermath Continues to Take Grim Toll

The fallout is still growing from what prosecutors say was Bernard L. Madoff's $50 billion Ponzi scheme, casting a long shadow on the many financial firms linked to Mr. Madoff and raising more questions about how the alleged scheme went undetected for so long.

A founder of the hedge fund Access International Advisors, which reportedly lost as much as $1.4 billion that had been invested with Mr. Madoff, was found dead Tuesday in New York. The evidence pointed to suicide, the police said.

Liliane Bettencourt, the world's wealthiest woman, is said to have invested part of her $22.9 billion fortune with Mr. Madoff through Access International, Bloomberg News reported.

Go to Article from The New York Times»
Go to Item from DealBook»
Go to Article from Bloomberg News»

Links between Mr. Madoff and elite private banks like Geneva-based Union Bancaire Privée have cast an unwanted spotlight onto the normally shadowy world of private bankers in Switzerland, The New York Times reported.

The Wall Street Journal looked at Mr. Madoff's early days, and suggests that suspicions about his strategy go back further than whistle-blowers have alleged.

Bill Brodsky, the chief executive of the Chicago Board Options Exchange, told The Financial Times that poor training of junior S.E.C. staff made it easier for Mr. Madoff's fraud to go undetected.

Go to Article from The New York Times»
Go to Article from The Wall Street Journal (Subscription Required)»
Go to Article from The Financial Times (Subscription Required)»

Even as the extent of Mr. Madoff's alleged fraud it still being calculated, Jews all over the country are already sending up something of a communal cry over a cost they say goes beyond the financial to the theological and the personal.

Go to Article from The New York Times»

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O CASO de Bernard Madoff

FSP - 16dez2008 - VINICIUS TORRES FREIRE

Mea culpa maximizada

Escândalo da pirâmide de Madoff é menor do que o das agências de risco ou o da "falta de integridade" dos bancos?


O CASO de Bernard Madoff talvez fique nos anais anedóticos desta crise como o episódio mais patético de mea-culpa, mea maxima culpa que se seguiu a uma tentativa gorda, gananciosa, gorada e gatuna de maximização de lucros.
Madoff é o financista que disse a subordinados, a sócios e a clientes que mentiu, roubou e arrumou um rombo de US$ 50 bilhões. O homem já dirigiu a Nasdaq. Enganou alguns dos maiores bancos e figuras da finança mundial por meio de um engodo que ele mesmo chamou de "basicamente, um esquema Ponzi gigante", uma das patuscadas mais antigas e banais das finanças.
Um esquema Ponzi é uma pirâmide, uma arapuca de investimentos na qual, grosso modo, os rendimentos dos investidores mais antigos são pagos com as aplicações dos mais novos, sistema que gira em falso. A lambança mais uma vez passou sob as pernas da SEC, a instituição que deveria supervisionar o mercado de capitais dos Estados Unidos.
Ao longo da crise, como em todos os demais tumultos financeiros, descobrem-se malversações explícitas de dinheiro. A graça da coisa está em observar como o público e os grandes interessados discernem o que é caso de polícia, "falha de regulação" ou "crise de confiança".
Em outubro, um comitê de investigação da crise do Congresso americano divulgou um caso típico de bolhas, visto numa troca de e-mails entre analistas da Standard & Poor's (a agência de cotação de risco) a respeito da qualidade de títulos lastreados em hipotecas (um desses papéis que ajudaram a detonar a crise). "Se esse negócio tivesse sido estruturado por vacas, a gente ainda o avaliaria [de maneira positiva]", dizia um deles.
Vimos atitudes parecidas durante a bolha da internet e no escândalo da contabilidade (2001-2002). Bancos de investimento, analistas, agências de risco e auditores ajudaram empresas a fraudar contratos.
Esses foram tidos como "casos de polícia". A atuação das agências de avaliação de risco nesta crise, porém, ficou no limbo. S&P, Moody's e Fitch laudaram o papelório imobiliário que, como se viu, era podre. A pena das três irmãs, porém, limitou-se a uma temporada no purgatório. "Moral", no entanto, foi uma palavra que voltou explícita ou subliminarmente nos discursos de mea-culpa a respeito da ruína financeira.
Alan Greenspan disse coisas do gênero: "No último ano [2007/8], a falta de confiança na validade dos registros contábeis de bancos e outras instituições financeiras (...) provocou uma maciça relutância de emprestar a eles [aos bancos] (...). Alguns dos pilares críticos da competição de mercado falharam". Ao Congresso dos EUA, Greenspan diria que estavam abaladas algumas de suas crenças, pois "o auto-interesse", "a supervisão da contraparte [dos negócios]" e "falhas na precificação de ativos de risco" não haviam sido bastantes para manter o bom funcionamento dos mercados.
De repente, a moralidade pareceu tornar-se condição necessária para o bom funcionamento dos mercados, os quais, porém, até outro dia (2007?) eram eficientes, racionais, baseados em abundante informação e regulados apenas o necessário para não distorcê-los (ou ao menos era o que se dizia da boca para fora, no debate público e político).
Megafraude nos EUA tem mais vítimas
HSBC disse que pode perder US$ 1 bilhão com suposto esquema, que também afetou fundo de caridade de Spielberg

Empresa de Madoff não era vistoriada pelas autoridades americanas havia dois anos, segundo pessoas ligadas à investigação do caso

DA REDAÇÃO
À medida que passam os dias, os tentáculos e as possíveis perdas com o suposto esquema fraudulento montado pelo gestor Bernard Madoff, o ex-presidente da Bolsa Nasdaq, aumentam de tamanho e se espalham por grandes bancos, como o espanhol Santander, fundos de caridade (entre eles o do diretor Steven Spielberg) e até pequenos investidores.
Desde a quinta-feira da semana passada, quando Madoff foi preso, já foram revelados cerca de US$ 20 bilhões expostos a perdas -que podem ultrapassar os US$ 50 bilhões (uma vez e meia os prejuízos desde setembro de 2007 do Citigroup, um dos bancos mais afetados pela crise)-, no que caminha para ser uma das maiores fraudes da história.
Ontem, o HSBC revelou que tem US$ 1 bilhão em fundos investidos pelo ex-presidente da Nasdaq. O Santander, um dos bancos que parecem ter melhor se saído até agora da crise global, disse que corre o risco de perder 2,33 bilhões. A lista de bancos inclui ainda UBS, Royal Bank of Scotland e Nomura Holdings, por exemplo.
Segundo o "Wall Street Journal", também foram afetados pelo possível golpe as fundações de Steven Spielberg e do Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel. Um representante do diretor de "Prenda-me Se For Capaz" (sobre o golpista Frank Abagnale) confirmou as perdas da fundação de caridade, mas disse não saber o montante.
Mas até o agora o maior perdedor parece ser o fundo de hedge Fairfield Greenwich, que tem braço no Brasil e afirmou que US$ 7,5 bilhões (ou mais da metade dos ativos que gerenciava) estavam investidos em veículos ligados a Madoff.
"Nós estamos chocados e apavorados com essa notícia", disse um dos fundadores do fundo, Jeffrey Tucker. "Não tínhamos nenhuma pista de que nós e outras empresas e investidores privados éramos vítimas de um esquema fraudulento tão grande e sofisticado."
O grupo dos possíveis prejudicados inclui ainda bilionários como Fred Wilpon, dono do New York Mets, um dos times de beisebol mais conhecidos dos EUA, e Mortimer Zuckerman, dono do jornal "New York Daily News". Mas ele também é formado por pequenos investidores, como Arnold Sinkin, 75, um vendedor aposentado de carpetes.
Madoff é acusado pelas autoridades americanas de montar um esquema Ponzi, em que oferecia retornos altos aos seus investidores usando dinheiro pago com a entrada de novos clientes, em vez de utilizar a receita obtida com as aplicações. Antes de ser preso, ele teria dito a funcionários que estava "acabado", que "não tinha mais nada" e que tudo não passava de "uma grande mentira".

Investigação
Uma das questões que investigadores e os órgãos reguladores terão que enfrentar nos próximos meses é como um esquema tão grande como o de Madoff conseguiu durar tanto tempo sem ser identificado.
Segundo pessoas próximas à investigação, as autoridades reguladoras norte-americanas não voltaram a inspecionar a empresa de assessoria em investimento de Madoff (que teve a sua liquidação ordenada pela Justiça dos EUA ontem) depois que ela foi submetida à vistoria há dois anos.
A SEC (órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários) não examina os livros contábeis de Madoff desde o dia em que ele registrou a empresa no órgão, em setembro de 2006, disseram duas pessoas, que preferiram não ter seus nomes divulgados.
A SEC tenta inspecionar assessorias pelo menos uma vez a cada cinco anos, além de buscar examinar de perto empresas recém-registradas ao longo de seu primeiro ano de atividade, disseram ex-autoridades do órgão e advogados do setor de valores mobiliários.
"É difícil imaginar que uma fraude da magnitude que dizem ter sido essa não tenha sido acompanhada por problemas significativos e generalizados de cumprimento [da legislação]", afirmou Mercer Bullard, ex-advogado do setor de fundos mútuos da SEC.
Madoff foi assessor da SEC em regulamentação de mercados, além de ser um doador regular em campanhas políticas.
Com agências internacionais

análise
Caso expõe novo fracasso da fiscalização
JOANNA CHUNG
DO "FINANCIAL TIMES"
O fracasso em detectar o que pode ser a maior fraude da história, supostamente perpetrada pelo veterano assessor de investimentos Bernard Madoff, despertou novas questões sobre a competência da SEC (Securities and Exchange Commission), o órgão que fiscaliza o regulamenta o mercado de valores mobiliários dos EUA.
O caso também é um novo fiasco ao regime regulatório americano, alvo de críticas desde o começo da crise após a exposição de numerosas lacunas e exemplos de fiscalização insuficiente.
A suposta fraude aponta para um "fracasso sistêmico" e suscita "questões fundamentais" sobre a estrutura regulatória dos EUA, diz comunicado do Bramdean Alternatives, um fundo britânico que investia com Madoff.
"É espantoso que essa aparente fraude pareça ter se estendido por tanto tempo, talvez décadas, enquanto os investidores continuavam a investir dinheiro novo nos fundos de Madoff, agindo de boa fé", afirma o comunicado.
As dimensões da fraude, estimadas por Madoff em cerca de US$ 50 bilhões, não foram confirmadas por cálculos independentes, e os fiscais da SEC estão examinando os arquivos da empresa.
Mas as autoridades regulatórias também podem ter de explicar como um esquema dessas dimensões pode ter passado despercebido durante anos, especialmente porque os retornos consistentemente elevados de Madoff já haviam despertado suspeitas e provocado queixas junto à SEC. Havia outros indícios de potenciais problemas: falta de fiscalização por terceiros; o uso de uma empresa de auditoria muito pequena para uma operação de grande porte; uma operação de corretagem de títulos funcionando em paralelo na mesma empresa.
Parte da explicação pode se relacionar à abordagem utilizada para a fiscalização. Os fiscais da SEC estavam encarregados de regulamentar a corretora de títulos de Madoff. Mas foram as operações de assessoria de investimentos da empresa, registradas na SEC só em 2006, que supostamente ocuparam posição central na fraude.
Além disso, nem todos os assessores de investimentos registrados são fiscalizados pela SEC, em parte porque seu número cresceu demais nos últimos anos -em 50% de 2001 para cá, superando os 11 mil. Só 10% dos assessores registrados na SEC são fiscalizados a cada três anos.
A SEC já disse que seus funcionários conduziram duas investigações sobre a empresa de Madoff, em 2005 e 2007. Em 2005, identificou três violações da regra que exige que os corretores obtenham o melhor preço possível aos pedidos dos clientes. Em 2007, os inspetores não encaminharam o caso para ação judicial.
John Coffee, da Universidade Columbia, disse que a SEC tem de explicar o fracasso do processo. "Quase qualquer inspeção teria revelado uma deficiência de ativos, e a SEC também poderia ter percebido que os auditores eram desconhecidos. Se a SEC não é capaz de apanhar esse tipo de coisa, fica difícil imaginar o que eles apanhariam".
A suposta fraude, que pode afetar centenas de investidores privados e grandes fundos de investimento em todo o mundo, deve renovar os pedidos por regulamentação mais severa das corretoras e de entidades hoje não regulamentadas, como os fundos de hedge.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

sábado, 13 de dezembro de 2008

Milionários americanos foram lesados por ex-presidente da Nasdaq

13/12/2008 - 21h14
Milionários americanos foram lesados por ex-presidente da Nasdaq

PUBLICIDADE

da Efe, em Washington

Uma longa lista de entidades e indivíduos, de famílias ricas americanas a fundos de investimento, reconheceu hoje à imprensa que perdeu bilhões de dólares em golpes atribuídos a Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq e preso na quinta-feira acusado de uma fraude de US$ 50 bilhões.

Entre as vítimas estão membros dos clubes de golfe mais exclusivos dos Estados Unidos, como Fred Wilpon, o dono majoritário da equipe de beisebol New York Mets, e Norman Braman, ex-proprietário do time de futebol americano Philadelphia Eagles.

Segundo a acusação, Madoff usou sua reputação como ex-presidente do mercado da Nasdaq e como filantropo para levantar uma gigantesca pirâmide financeira.

O acusado, de acordo com a investigação, oferecia rentabilidades razoavelmente altas, em torno de 10%, em épocas de altas do mercado, mas também durante as quedas da bolsa e pagava os investidores com os recursos que iam sendo investidos por outras vítimas.

Hoje na página de internet da empresa que ele fundou em 1960, Bernard L. Madoff Investment Securities, aparece uma mensagem sobre fundo negro que informa que o juiz Louis Stanton nomeou um escritório de advogados para tramitar os ativos da companhia.

O magistrado congelou os bens de Madoff. No dia anterior a sua detenção, ele disse a seus colaboradores mais estreitos que nos cofres da empresa ficavam entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões, segundo o Departamento de Justiça.

Um investidor já interpôs a primeira das ações legais contra ele para tentar recuperar o que for possível.

Irwin Kellner afirmou ter perdido US$ 3 milhões em um processo que apresentou ontem e ao qual podem se somar outros investidores, pois está estruturado como uma ação coletiva.

Madoff, segundo a acusação, roubou grande número de famílias proeminentes de Nova York e Flórida, especialmente judias.

Além disso, enganou até entidades financeiras que dispunham de sistemas sofisticados de controle de seus investimentos. A Fairfield Greenwich Group disse que tinha colocado US$ 7,5 bilhões nos fundos de Madoff.

Segundo o jornal "The Wall Street Journal", também perderam dinheiro o banco francês BNP Paribas, o japonês Nomura e o suíço Neue Privat Bank.

Acorn Partners e Aksia, que assessoram a investidores endinheirados, recomendaram a seus clientes não investir nos produtos de Madoff.

Nos Estados Unidos acusaram o golpe especialmente organizações sem fins lucrativos da comunidade judaica, na qual Madoff era um personagem principal.

A Fundação Robert I. Lappin, que estimula a manutenção da identidade judaica entre os jovens, se viu obrigada a fechar, porque tinha confiado seus recursos a Madoff, segundo informa em sua página de internet.

Por sua parte, o Sistema de Saúde Judeu de North-Shore, em Long-Island, que opera 15 hospitais, revelou que perdeu US$ 5 milhões, e a Fundação Julian J. Levitt, outros US$ 6 milhões.

Madoff, 70, está em liberdade condicional após pagar uma fiança de US$ 10 milhões. As acusações contra ele acarretam uma pena máxima de 20 anos em prisão e uma multa de US$ 5 milhões.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ex-presidente da Nasdaq é preso por fraude bilionária nos EUA

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008, 00:06 (do Estadão)

Bernard Madoff é acusado de comandar uma pirâmide, na qual retornos muito altos são prometidos aos novatos

REUTERS

NOVA YORK - Bernard Madoff, trader de Wall Street e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, foi preso e acusado nesta quinta-feira de estar por trás de um esquema multibilionário e fraudulento de pirâmide financeira conhecido como Ponzi, informaram autoridades dos EUA.

Procuradores federais acusam Madoff, ex-presidente da bolsa de empresas de tecnologia Nasdaq, de comandar uma pirâmide, na qual se prometem retornos muito altos a investidores iniciais, que são remunerados com o dinheiro de quem adere ao esquema posteriormente.

Madoff, 70 anos, supostamente comandava a pirâmide a partir da empresa que leva seu nome. Ele pode pegar uma pena de até 5 anos na prisão e uma multa de até 5 milhões de dólares, disseram os procuradores.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Justiça condena Opportunity a indenizar juíza por perseguição

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008, 19:32 |

Justiça condena Opportunity a indenizar juíza por perseguição

Decisão diz que banco perseguiu a magistrada de 'forma vil e ardilosa' assim que ela julgou caso do grupo

Roberto Almeida, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça do Rio condenou o Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, a pagar indenização de R$ 100 mil à juíza Marcia Cunha, da 2ª. Vara Empresarial do Rio, por danos morais. Em sua decisão, o juiz Alessandro Oliveira Felix sublinha que o Opportunity perseguiu a magistrada e sua família de "forma vil e ardilosa" assim que ela julgou procedente ação que resultou na saída do grupo do controle da Brasil Telecom.

LEIA REPORTAGEM COMPLETA NA EDIÇÃO DO 'ESTADO' DESTA TERÇA-FEIRA

Veja também:
Cronologia da Operação Satiagraha e os desdobramentos

Marcia anulou, no final de 2005, o pacto realizado entre o Opportunity e os fundos de pensão que garantia a Dantas o poder sobre a operadora de telefonia. Imediatamente ela passou por uma avalanche de ações, perseguição, pressão psicológica e ameaça de morte, conforme relatou à Polícia Federal em depoimento obtido com exclusividade pelo Estado e anexado aos autos da Operação Satiagraha (Leia reportagem aqui).

Por causa da decisão, a magistrada sofreu ação penal no Órgão Especial do Tribunal de Justiça, ação civil no Ministério Público Estadual, queixa-crime por difamação e revisão disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Todos os processos, demandados pelo Opportunity na tentativa de reverter o caso, foram arquivados.

O Opportunity afirmou, por meio de nota, que recorrerá da sentença "no tempo oportuno". Segundo o grupo, os atos praticados "traduzem-se em exercício regular de direito e, portanto, não configuram ato ilícito que justifique o pedido de indenização".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Daniel Dantas é condenado a dez anos de prisão

02/12/2008 - 13h07
Daniel Dantas é condenado a dez anos de prisão; defesa pede anulação
Rosanne D'Agostino
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Atualizada às 16h58

O juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, condenou nesta terça (2) o banqueiro Daniel Dantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity, a dez anos de prisão em regime fechado por corrupção ativa, por tentativa de suborno a um delegado durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Daniel Dantas responde por tentativa de suborno a delegado durante a operação Satiagraha
Em nota, defesa diz que processo é "nulo" e que juiz é "suspeito"
PF pede prisão pela 3ª vez
Leia mais sobre o caso
UOL Notícias


Dantas responde a processo por supostamente ter oferecido propina de US$ 1 milhão a um delegado da PF para que o nome dele fosse retirado do caso. O advogado do banqueiro, Nélio Machado, afirmou em nota que o processo é "nulo" e que o juiz é "suspeito". Ele já apresentou recurso pedindo a anulação do julgamento.
O que você achou
da condenação?
Dê sua opinião


De acordo com a sentença de 312 páginas, (leia a íntegra aqui), também foram condenados a sete anos e um mês cada um, em regime semi-aberto, o assessor de Dantas, ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz, e o professor universitário Hugo Chicaroni. Eles teriam negociado a propina. Não foi determinada a prisão dos réus, que será possível apenas quando o processo transitar em julgado (fase em que não cabe mais recurso).

O juiz também aplicou multa por danos causados à sociedade, segundo ele, "para reparar o que lhe foi confiscado: a dignidade". Dantas terá de pagar R$ 12 milhões, Chicaroni, R$ 494 mil, e Humberto Braz, R$ 1,5 milhão. A quantia será revertida a entidades beneficentes a serem designadas pelo juízo de execução.

O procurador Rodrigo de Grandis estuda apresentar nos próximos dias recurso para pedir o aumento das penas. "Dantas foi o mandante do crime e entendo que ele poderia ter sido condenado à pena máxima. Os acusados demonstraram desprezo às instituições públicas ao oferecer propina a um delegado de Polícia Federal", afirmou em nota.

O advogado Renato de Moraes, que representa Humberto Braz, afirmou que não teve acesso à sentença, mas irá recorrer. Ele disse ainda que Braz já negou todas as acusações em interrogatório.

A operação, deflagrada na madrugada de 8 de julho, resultou na prisão do banqueiro, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta. A PF apreendeu R$ 1.180.650,00 no apartamento de Chicaroni, que, em interrogatório, confessou sua participação e delineou a dos demais.

Sentença
Sanctis teve a imparcialidade frente ao processo questionada pela defesa de Dantas, que afirmou que ele trabalhou junto ao delegado Protógenes Queiroz, afastado pela PF por supostos abusos na Operação Satiagraha. Na sentença desta terça, o juiz se defende e afirma que os acusados tentaram enganar altas autoridades do país:

No dia 17 de novembro, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região manteve o juiz no caso.

Em outro trecho, a sentença narra como teria sido iniciado o pagamento da propina. Chicaroni, supostamente a mando de Dantas, teria marcado um encontro para confirmar se o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira teria sucedido Protógenes na condução das investigações. Ele teria oferecido R$ 50 mil a Ferreira, mas depois aumentado o "valor da alçada", ou propina. A defesa de Dantas classifica a ação como uma "cilada perpretada por Protógenes Queiroz", delegado que conduziu as investigações da Satiagraha.


A decisão é baseada em interceptações telefônicas, contestadas pela defesa dos acusados. Os advogados de Dantas e Chicaroni questionaram a inserção das provas, porque teriam sido irregularmente obtidas com a participação de arapongas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Segundo a defesa de Dantas, que teve pedido de novo interrogatório de Protógenes negado no processo, "(...) o mencionado delegado teria conduzido os trabalhos ao arrepio da legislação". Além disso, diz que Paulo Lacerda, diretor da Abin, esquivou-se de vários questionamentos durante sua inquirição e que o delegado "alvo" da suposta propina sequer estava envolvido no inquérito. "Tratar-se-ia de um 'fantoche' produzido por Protógenes."
13/8 - À CPI dos Grampos, Daniel Dantas negou ter mandado pagar propina

15/8 - Delegados depõem na Justiça Federal
16/7 - Procurador diz ter provas "de peso"
16/7 - Inquérito diz que Dantas tentou ocultar provas


Satiagraha
Dantas foi preso duas vezes por determinação do juiz De Sanctis. No dia 6, o STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou habeas corpus concedido ao banqueiro pelo presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes. Os ministros criticaram De Sanctis que, dois dias após a concessão da liberdade, voltou a decretar a prisão do banqueiro.

A PF investiga o vazamento de dados sigilosos da operação. O delegado Protógenes Queiroz, que continua afastado, pode ser indiciado por cinco crimes relacionados à operação: quebra de sigilo funcional, desobediência, usurpação de função pública, prevaricação, grampos e filmagens clandestinas. Ele ainda é acusado de utilizar arapongas da Abin na operação.

O novo relatório da Satiagraha, assinado pelo delegado Ricardo Saadi, que sucedeu Protógenes, pede novamente a prisão de Dantas. Protógenes afirmou nesta segunda que a peça "espelha" a apresentada por ele.