De G1 - 21.09.2017
Kriptacoin foi comprada por cerca de 40 mil pessoas e rendeu R$ 250 milhões a estelionatários, segundo Polícia Civil. Megaoperação deflagrada nesta quinta prendeu 11 suspeitos em Brasília e em Goiânia.
Por Mara Puljiz, TV Globo e G1 DF
A megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (21) pela Polícia Civil para desarticular um esquema de "pirâmide financeira" prendeu 11 suspeitos de comercializar a moeda virtual falsa Kriptacoin no Distrito Federal e em Goiânia.
Outras duas pessoas apontadas como integrantes da organização criminosa estão foragidas. Segundo a polícia, os suspeitos devem ser indiciados por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
A Operação Patrik apurou que o esquema movimentou R$250 milhões a partir de investimentos de cerca de 40 mil vítimas na moeda. Somente no DF, 14 pessoas chegaram a registrar boletim de ocorrência contra a empresa Wall Street Corporate, que gerenciava o negócio. Esta e outras duas empresas também foram alvo da operação.
A Justiça expediu, ainda, 18 mandados de busca e apreensão no DF e na capital goiana. Oito carros de luxo foram apreendidos e estão no estacionamento do Departamento de Polícia Especializada em Brasília. Um helicóptero foi bloqueado no sistema da Agência Nacional de Aviação (Anac), mas ainda não havia sido localizado.
As investigações foram realizadas pela Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf) em conjunto com a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), do Ministério Público do DF.
O esquema
De acordo com as investigações, o esquema começou a ser articulado no final do ano passado e se consolidou no DF em janeiro de 2017. Os integrantes da organização se passavam por executivos e prometiam altos rendimentos com o negócio, com ganho de 1% ao dia sobre uma moeda virtual falsa – o resgate do saldo só poderia ser feito após um ano.
Para dar um ar de legalidade, eles marcavam reuniões, faziam anúncios em outdoors e propagandas, tanto na internet quanto na televisão, além de tirar fotos com cantores famosos.
Quanto mais investidores fossem recrutados para participar do negócio, a promessa de ganhos aumentava, com bônus de 10% por pessoa cooptada. Assim, o lucro crescia proporcionalmente à quantidade de aplicações feitas na cadeia, mas era tudo um golpe.
Segundo a polícia, uma das vítimas disse que aplicou quase R$ 200 mil sem retorno e, ao tentar resgatar os valores aplicados, foi ameaçada pelos "executivos" da falsa empresa.
As apurações também revelaram que o esquema funcionava com divisão de tarefas e que contava com falsificadores de documentos. Além disso, as três empresas que vendiam o serviço, alvo da operação estão, em nomes de "laranjas", cujo o patrimônio declarado não condiz com as movimentações financeiras.
A polícia descobriu, ainda, uma lista com cerca de 20 nomes falsos que eram utilizados pela quadrilha. As aplicações eram feitas pela internet por meio de uma plataforma digital, mas os depósitos eram feitos em contas correntes.
Suspeitos
Entre os suspeitos alvos da operação no DF, três têm passagens pela polícia por injúria, ameaça, receptação, estelionato, formação de quadrilha, uso de documento falso, furto tentado, porte ilegal de arma de fogo, direção alcoolizada, lesão coporal, dano ao patrimônio e lesão culposa em acidente de trânsito.
Esta última passagem refere-se ao acidente provocado por uma Ferrari em maio deste ano no Lago Sul. O carro de luxo colidiu contra outro veículo, que capotou e deixou a motorista ferida. Ela estava com a filha de 1 ano.
Em Goiânia, um dos alvos é o administrador de uma das empresas e tem passagem por tráfico e falsificação de documentos.
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