quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Em 30 anos, o ditador Hosni Mubarak obteve fortuna de US$ 70 bilhões

Jornal "O Dia" em 16.02.2011

Ex-presidente do Egito depositou grande parte dos seus lucros em contas secretas
Cairo (Egito) - Se você ficou com algum tipo de pena porque o povo egípcio finalmente conseguiu enxotar o ditador Hosni Mubarak, que já estava há mais de 30 anos no poder, pode ficar tranquilo. A fortuna do ex-militar fica entre 40 e 70 bilhões de dólares, segundo o jornal britânico ‘The Guardian’. Boa parte do capital, como ocorre com as finanças de muitos tiranos, tem a origem no mínimo suspeita.

“Depois de 30 anos como presidente e mais tempo como um oficial militar, Mubarak teve acesso a transações de investimentos que geraram centenas de milhões em lucros. Muitos destes ganhos foram levados para fora do país e depositados em contas secretas de bancos ou investidos em casas de luxo e hotéis”, disse o jornal.
Um dos lugares preferenciais do ditador para investir seu dinheiro era a cidade de Londres, onde mantém várias propriedades, inclusive uma mansão de seis andares. Foi para lá que parte da família dele desembarcou no final de janeiro, quando o povo já protestava nas ruas. Os parentes de Mubarak chegaram à cidade num jato particular, com 92 bagagens.

MANSÕES NOS EUA

O egípcio também tem bens nos Estados Unidos. Segundo matéria do jornal árabe ‘Al Khabar’, o presidente que saiu do poder na sexta-feira tem propriedades em Manhattan, a região mais cara de Nova Iorque, e Berverly Hills, uma das mais valorizada de Los Angeles. Os filhos do ditador também são bilionários e ostentam propriedades luxuosas, como outra mansão também em Londres.

Em entrevista à rede americana ABC News, o cientista político da Universidade de Princeton, Amaney Jamal, comparou a fortuna de Mubarak às de outros líderes do Golfo Pérsico. “Houve muita corrupção e sufoco de recursos públicos para proveito pessoal”, explicou.

Suíça bloqueou possíveis fundos do político no país

Os relatos sobre a fortuna internacional de Mubarak motivaram, já na sexta-feira, dia em que o ditador renunciou, o bloqueio, pelo Conselho Federal suíço, dos possíveis fundos que o presidente egípcio e sua família tenham em bancos do país europeu.

O Executivo suíço publicou uma ordem pedindo aos bancos da nação que busquem e congelem os fundos do clã Mubarak, pouco depois da sua renúncia após 18 dias de grandes protestos populares.

“O Conselho Federal decidiu congelar com efeito imediato todos os fundos que eventualmente se encontrem na Suíça do antigo presidente egípcio e de seus familiares”, assinalou o órgão.

O documento explicou que a decisão tem o objetivo de evitar “qualquer risco de desvios de bens que pertencem ao povo egípcio”. A ministra de Exteriores suíça e presidente da Confederação, Micheline Calmy-Rey, explicou à imprensa suíça que o texto foi publicado às 17h30, ou seja, meia hora depois do anúncio da renúncia de Mubarak.

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