sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Madoff divide cela com traficante

Condenado a 150 anos, ex-magnata come pizza preparada por pedófilo

Andrew Clark, THE GUARDIAN

O gestor de fundos de Wall Street, Bernard Madoff, condenado a 150 anos por fraudes no valor de US$ 65 bilhões, trocou uma vida de luxo movida a cocaína pela cadeia, onde come pizza preparada por um pedófilo e compartilha a cela com um traficante de 21 anos.

Madoff, 71, passa seu tempo na companhia de um mafioso do Brooklyn, Carmine "Cobra" Persico e do ex-analista da Marinha americana, Jonathan Pollard, condenado por espionar em favor de Israel na década de 80. O ex-magnata dorme na cama de baixo da cela da prisão de Butner, na Carolina do Norte, e sua recreação consiste em grande parte em dar voltas pelo pátio.

Fragmentos da vida de Madoff na prisão aparecem em uma ação movida pelos advogados das vítimas que entrevistaram o fraudador. A ação, que leva o nome de um investidor ludibriado por ele, Jay Wexler, aponta réus acusados de permitir que a fraude se concretizasse, como JP Morgan, Bank of New York Mellon e a empresa de auditoria KPMG, que auditava o braço britânico de Madoff. A ação faz novas acusações sobre o papel exercido pelo escritório de Madoff em Londres. Diz que, depois de ser interrogado pelas autoridades reguladoras americanas, em 2006, Madoff temeu ser descoberto e transferiu a operação para Londres.

Em três anos, Madoff teria lavado pelo menos US$ 250 milhões saindo de Nova York, via Londres, e voltando para os EUA, alegando que os fundos eram comissões recebidas de investimentos na Europa. Ao mesmo tempo, Madoff e sua família usavam a operação para comprar bens de luxo, como um iate de 23 metros e uma Aston Martin de época.

A ação diz que a KPMG deveria ter identificado que o escritório de Londres não passava de uma entidade de fachada. Segundo os autos, os livros contábeis mostraram "numerosas transações com membros da família e outras atividades suspeitas" e "transferências de grandes quantias de dinheiro entre contas" sem nenhum objetivo aparente em termos de negócios.

Em nota, a KPMG afirmou que não teve conhecimento de que as declarações financeiras de Madoff na Grã-Bretanha contivessem erros, e que as acusações contra ela "careciam totalmente de fundamento". Ao mesmo tempo, o JP Morgan é acusado de manter bilhões de dólares como fiel depositário de contas de Madoff. Por sua vez, o Bank of New York Mellon é acusado de não cumprir com suas obrigações de administrador de fundos "feeder" (alimentadores) que investiam com Madoff.

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